sexta-feira, 4 de abril de 2008

A propósito da Aguarela do Antares - "Falando de mim e de mais alguns veleiros clássicos"

Pela primeira vez neste blog vou utilizar a honra com que me distinguiram (família VD) convidando-me para participar no blog. Circunstancias várias têm-me impedido de escrever, mas vou acompanhando a actividade que, por aqui, vai havendo.

Sem falsas modéstias penso que o nosso convivio nas actividades náuticas e depois a nossa amizade, fora da náutica, contribuiram de alguma forma para aumentar o gosta pela navegação de recreio e a paixão que tu, HGVD, nutres pelo mar algo que, felizmente, conseguimos transmitir aos teus filhos. Sinto-me orgulhoso disso!

Faz hoje, exactamente, 50 anos que me iniciei na náutica pela mão do Sr. Rodolfo Fragoso, director das Escolas de Vela da ANL no seu bote Albatroz, o único que, à época, ostentava velas encarnadas. Seguiu-se um período de monotipismo, como proa, depois leme e, depois, o de instrutor nos snipes, Dragão Maria e mais tarde no Mariline, o primeiro barco de cruzeiro que comandei. Mais tarde surgiram os convites para começar a participar, como tripulante de barcos de cruzeiro, em regatas e passeios e foi um nunca mais parar de dias a navegar e a ensinar.

No Antares, a boa disposição, bem como as jornadas gastronómicas eram uma constante. O Engº. Manuel Gonçalves bem merece aqui uma menção especial pelo que fez em prol do desenvolvimento do gosto pela vela: muitos, de simples convidados, passaram a entusiasticos velejadores.

Segiu-se o Canção do Vento, que depois se chamou Ibiza, um Requin transformado em cruzeiro, sem motor algum, sem instalação eléctrica e sem qualquer instrumento de navegação além da carta, lápis e uma agulha dos Dori que o skipper, António Pinto Martins, colocava num sapato à entrada da cabine, odómetro de barquinha e prumo de mão. Está bom de ver que ele foi comandante de barcos de bacalhau à vela; com ele aprendi muito sobre observar o tempo para prever o que teríamos pela proa, onde ir buscar o vento, manobras (pois não tínhamos motor e tinhamos que ter todas as alternativas preparadas). Apesar da falta do motor e da insuficiência de meios de ajuda à navegação, fizemos várias regatas às Berlengas, Sines e Sesimbra, bem como cruzeiros ao Algarve.

Depois veio o Cloud do António Ferreira, um dos melhores clássicos em que velejei, rápido e de fácil manobra com qualquer vento, muito equilibrado. Com ele aprendi a conhecer a navegação fluvial, os ancoradouros do rio, et. Houve um ano em que não falhámos um único fim de semana: não existia frio ou mau tempo que nos impedisse de sair! Naquela década (+-1965-75), o António era o skipper que melhor conhecia o rio as suas correntes, baixios e ancoradouros.

Finalizei aquela década de clássicos nas regatas com o Binker do Conde Stucky do Quay, excelente Skipper de regatas, excelente marinheiro e muito exigente com o desempenho da sua tripulação. Lembro-me de, numa Regata a Sesimbra, com Nortada rija, vento de força 6/7, ele me ter ordenado, a mim e ao A. Pinheiro para içarmos o spi . Perante a minha recusa, ele que já estava muito perto dos 70 anos, irritado repreendeu-me assim: "Gordo, se estás com medo, anda para o leme, que eu iço o balão!" E lá foi ele para a proa com o arrais, içou o spi com mestria e o resultado foi o de termos ganho a regata em tempo corrigido, e o 2º lugar em tempo real, pois mesmo os barcos maiores não içaram o balão.
Apesar dos gritos e de ligeiras ofensas verbais, que o entusiasmo da competição lhe provocavam, não exigia nada da sua tripulação que ele não fizesse e quer a classificação fosse boa ou má, existia sempre uma palavra agradável da sua parte ao passarmos a linha de chegada.

Agradeço a todos estes Marinheiros, os bons momentos que me proporcionaram e os conhecimentos que me transmitiram e que, depois, tentei passar aos meus alunos e amigos.

A ti (HGVD) à tua tripulação familiar e ao TAL A ROZ (que já está de volta) votos de boa navegação, com um grande abraço para todos .



4 comentários:

J. Stocker disse...

Queria deixae aqui as minhas desculpas , por ser tão grande o post, eram para ser umass simples linhase estiquei-me, se existirem erros ortográficos, são motivados pelo cansaço da vista, verifiquem, e digam-me que eu corrijo, quqnto ao estilo não existe nada a fazer, nunca tive jeito para a escrita!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
CVD disse...

Obrigada João, pela participação cá no blogue, pelas fotos e pelas memórias partilhadas... E o texto não está nada grande, está tão giro que até parece é pequeno... Um grande beijinho e espero ansiosa pelas próximas participações!

JGVD disse...

Faço minhas as palavras da Clarinha. Espero que esta seja a primeira de muitas participações, são histórias muito giras e que gostamos sempre ler. As fotos estão muito giras também, ouço falar destes barcos e agora posso finalmente vê-los. Grande abraço